quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sítios abandonados


Uma proposta para a possível musealização de um espaço industrial pareceu-me um tema de trabalho final para a cadeira de Museologia Industrial bastante interessante e aliciante. Para escolher o tema não precisei pensar muito...


Sempre que passava pelo edifício da antiga fábrica de Vidros da Rua das Gaivotas em Lisboa, agora devoluto e totalmente entregue ao abandono, a curiosidade de espreitar lá para dentro por entre grades e janelas agora emparedadas era sempre grande. Do pouco que agora se consegue ver ainda se percebe que naquele espaço estão máquinas e utensílios utilizados no fabrico do vidro também totalmente entregues ao abandono. Relatos contados por familiares que ainda viram a fábrica em pleno funcionamento fazem-me imaginar cada vez que espreito lá para dentro como seria a “vida” dentro daquele espaço fabril agora totalmente adormecido em pleno coração da capital. Contaram-me, quando a fábrica ainda funcionava e do lado que dá para a Rua Fernandes Tomás, em meses de Inverno as janelas do edifício serviam como autênticos aquecedores tal era o calor que de lá de dentro vinha. Agora ao olhar para a antiga fábrica é difícil imaginar que de dentro daquela ruína fria algum dia houve vida e calor.

A curiosidade e um certo fascínio que aquele edifício sempre me causou levaram-me a escolhê-lo como objecto de estudo.

A requalificação e reutilização de edifícios, quer com uma forte carga histórica, quer com qualidade arquitectónica é sem dúvida um grande contributo civilizacional.

Tentar perceber a história da fábrica, que objectos lá se fabricavam, onde estão esses objectos os métodos utilizados no seu fabrico e a apresentação de uma proposta para um Museu do Vidro naquele espaço são alguns dos pontos que tentarei desenvolver neste trabalho.

Apesar de nunca ter estado a par de projectos do tipo, tenho alguma noção dos condicionalismos inerentes a uma adaptação de estruturas a espaços e o trabalho multidisciplinar que envolveria um projecto deste género.

A área envolvente ao edifício a estudar encontra-se na sua maioria no esquecimento. O abandono e a ruína estão por todo o lado. Basta olhar para cima e os habitantes da maioria dos prédios envolventes são pombos. Enquanto se olha para o caminho, não haverá tempo de observar os prédios que outrora exibiram acção e progresso. Poucos lugares em Lisboa tiveram tantos palácios por metro quadrado. Hoje, reinam pelo local uma certa tristeza e a visível decrepitude.

A requalificação daquele espaço estimularia não só o afluxo do público lisboeta a uma zona desertificada de actividades culturais como também de público estrangeiro.

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