terça-feira, 7 de setembro de 2010

Lagoa de Melides


Foi desta que fomos expulsos pela GNR! Tanto falei que até agora a GNR não nos tinha chateado e pimba! Tenho que dizer mais vezes que nunca ganhei o euro milhões.
A Dal e o J já tinham ido antes para arranjar um bom lugar com a luz do dia. Ao chegarmos à Lagoa de Melides seguimos as indicações que nos deram e entrámos por uma estrada de areia que à entrada tinha umas placas de madeira a dizer mais ou menos isto: Proibido a circulação de viaturas nas dunas, sujeito a coima segundo o Decreto-Lei não sei das quantas. Mesmo assim fomos porque eles estavam ao fundo dessa estrada num lugar com vista para o mar e com o espaço perfeito para as duas carrinhas.


Fizemos o churrasco do costume, e que bem que se estava ali!! Ao jantar comentámos aquela história das placas e de supostamente ser proibido estar ali. Combinamos que se a GNR aparecesse dizíamos todos que tínhamos entrado pelo outro lado da estrada aonde não há placas proibitivas. Isto foi comentado no maior desportivismo e sem sequer suspeitar que eles iriam aparecer mesmo! Quando já estávamos a aquecer água para o café passa aquela viatura inconfundível: O jipe da GNR. Pararam, disseram boa noite e claro, perguntaram por onde tínhamos entrado. Apontámos todos para o sítio combinado (o que não tem placas) menos o João que apontou para onde realmente tínhamos vindo. Com uns dedos a apontar para um lado e outros a apontar para outro o senhor guarda ficou baralhado e disse: então afinal vieram da onde? Ao que eu respondi: “Sabe, é que nós não viemos juntos.” Percebeu perfeitamente que estávamos a mentir mas foi muito simpático e falou tal e qual como se fala com os miúdos quando se lhes quer meter medo, que é do lobo mau, mas neste caso o papão era o chefe: “olhem, é melhor irem para outro lado porque o nosso chefe anda aí e se ele vos vê aqui aí é que sou mesmo obrigado a puxar da canetinha e são 250 € a cada um de vocês”, “Acabem de beber o cafezinho e vão para outro sítio”. Foram muito simpáticos realmente e nós sem hipótese e com muita pena fomos procurar outro sítio para dormir. Estacionámos as carrinhas na mata imediatamente atrás da duna de onde tínhamos sido expulsos. Ali também se estava bem mas o céu estava parcialmente coberto por pinheiros e não tínhamos vista para o mar. O “pum, pum, pum, pum” dos bares ali perto também não estava muito de acordo com a paz o sossego que procuramos nestes fins-de-semana.

Montámos o estaminé todo de novo e continuamos ali o nosso serão com o D a ler passagens muito engraçados do inimigo público. Não me vou esquecer mais do “sarro das frigideiras de bifanas nas roulottes da N125”.

No dia seguinte acordámos cedo demais para as horas a que nos tínhamos deitado. Fomos para a praia. Estacionámos as tralhas entre o mar e a lagoa. O mar estava bravo e eu e a Dal não nos atrevemos a entrar. Fomos experimentar a lagoa. A água da lagoa por sua vez estava muito calma mas tinha um tom escuro que não era nada convidativo para entrar. Eu pessoalmente faz-me mesmo muita confusão estar a nadar e ver tudo escuro à minha volta. Dá-me sempre a sensação que vai aparecer um bicho estranho a qualquer momento. Tive que me render ao mar.



Aquelas ondas estavam gigantes, um espectáculo lindo de se ver mas impunha respeito. Sempre a levar uma grande tareia das ondas consegui tomar banho. O mar é uma água viva! Depois daquele banho na lagoa de água parada e escura o banho de mar soube ainda melhor! Barulho, espuma, ondas o sal… bem melhor.

Já íamos prevenidos com champô porque havia um chuveiro à entrada da praia e no final do dia fomos lá tomar banho.


Visto da praia do lado oposto da lagoa pareciam haver sítios convidativos para parar os carros e ficar com vista para o mar. Depois do banho fomos lá espreitar. Andámos muito tempo por uma estrada de terra batida e no final da estrada existiam exactamente as mesmas placas proibitivas que tínhamos encontrado do outro lado. Voltámos para o poiso da noite anterior.

Mais uma churrascada, converseta vai, converseta vem e fomos dormir. No Domingo qual não foi o meu espanto quando acordo e olho para o relógio e era quase 1h da tarde! Como é possível? Ali debaixo dos pinheiros no fresco dormimos que nem umas pedras até aquela hora.

Antes de ir para a praia fomos beber café ao Bar Lança porque o D estava muito aflito para evacuar. Não teve muita sorte porque a casa de banho masculina estava avariada.

O homem que nos atendeu tinha a t-shirt do estabelecimento que dizia: “Bar Lança – a ajudar as feias a ter sexo desde 1981”, muito bom!


Fomos para a praia e decidimos ficar para ver o pôr-do-sol . No final do dia o David já estava roxo de vontade de ir à casa de banho. Fazia caretas e tudo. Fomos embora da praia. Depois de tudo mais aliviado fomos para o sítio onde nos tinham expulsado no primeiro dia para ver o espectáculo do pôr-do-sol. Lindo, lindo, lindo! Quando o cocuruto do sol desapareceu no mar batemos palmas e fomos embora.

Parámos num restaurante de beira de estrada ali perto para jantar. Não podia ser mais tascoso. O senhor atendeu-nos de cigarro na boca. A sua ajudante era uma Maria Augusta, com cara de poucos amigos pôs-nos na mesa uma travessa com um monte de carne grelhada. Comemos bem e pagámos pouco, é o que se quer.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sítios imaginários


Gostava de saber porque é que conforme vamos crescendo e nos tornando adultos, perdemos a capacidade de recriar e imaginar lugares e pessoas à nossa volta. Lembro-me que estávamos sempre em sítios imaginários e as brincadeiras sabiam tão bem. “Agora a fingir que estamos num castelo e vem lá uma bruxa mas depois eu mato-a e depois abrimos uma porta e depois encontramos o tesouro” era assim.

Lembro-me da satisfação que era imaginar um lugar e sentir mesmo que lá estava! Podia estar no quarto sozinha mas não era ali que estava, estava dentro de uma história inventada por mim, num lugar inventado onde tudo era como eu queria.
Parando um bocado para observar os miúdos de hoje as brincadeiras são exactamente assim… Estão sempre dentro de uma história e de um cenário imaginado por eles. Apesar das grandes diferenças geracionais há coisas que não mudam. E quando se vêem crianças a brincar longe de TVs e Playstations é isto que acontece.

Hoje bem posso imaginar que estou numa praia paradisíaca com uma caipirinha ao lado a ter uma excelente conversa e em boa companhia que nada acontece… Nem um pingo de satisfação por segundos!

Não acho justo perder esta capacidade ao longo da vida. Ainda por cima na altura em que nos fazia mais falta, na idade adulta! Se conseguisse fazer isso ainda hoje imaginava por exemplo no trajecto de casa para o trabalho e do trabalho para casa (que é sempre uma seca!) que estava a passear à beira mar e que aquela gente toda com que me cruzo eram veraneantes como eu e que quando entrasse no metro estava a entrar num submarino e que pela janela do submarino (metro) se viam peixes de todas as cores e feitios… Claro que eu posso imaginar isto tudo! Mas, aquela sensação que tínhamos quando miúdos de que o que imaginamos era quase real essa já não dá (talvez com muita concentração!) e que quando saísse do submarino estava numa festa numa praia com um pôr-do-sol fantástico.

Na sala de espera para o médico, à espera de um amigo atrasado, no trabalho, à espera do autocarro, à seca em casa sem ninguém disponível para beber um café, numa aula chata e pimba ligava-se o imaginómetro e lá íamos nós viajar. Assim, os momentos mais chatos das nossas vidas eram todos passados nos lugares que bem entendíamos!

Lembro-me também da alegria de chegar à praia, entrar no mar e não sair mais de lá, porque a brincadeira que estávamos a imaginar se passava algures no fundo do mar e fora de água não era tão real, os dedos encarquilhados, os lábios roxos e que importa? O sítio imaginário onde estávamos era superior a tudo isso.

A capacidade de fazer amigos nessa altura também era uma coisa fantástica “Olá! Como te chamas? Vamos brincar?”. Agora somos todos muito sérios e desconfiados, sim porque isso de ser simpático e dar muita confiança é coisa de fracos.

Há coisas de criança que realmente não devíamos perder mas elas fogem sem sequer darmos por isso.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Está quase a acabar a vida mais ou menos…

Acabou o mês de Agosto e até me dá calafrios só de pensar no que aí vem… Estarei a ser muito dramática. Acho que não. O que se passou até aqui foi mau (não ter férias etc…), mas este mau será o melhor dos próximos meses. Boa! Apesar da roda-viva em que vou andar espero, pelo menos ter um fim-de-semana por mês para visitar mais um sítio novo e fugir da rotina.
Estou com medo do que aí vem porque já passei por isto há pouco tempo e sinceramente ia ficando demente. Andei depressiva, dificílima de aturar (que o diga o D), com os nervos à flor da pele e cheia de vontade de desistir. E agora vou passar por tudo outra vez. Será isto masoquismo? Ou estou a fazer inconscientemente um teste à minha resistência física e mental? Sinto-me como o exemplo das formigas: andar muito atarefada de um lado para o outro, a trabalhar, trabalhar sem se quer questionar o porquê, apenas como forma de sobrevivência na selva que é o mundo de trabalho hoje em dia. Para lá está, um dia ter um trabalho estável blá, blá, blá… E aqui é que se levantam as grandes questões. A que martela mais a minha cabeça é: Valerá a pena? E o mais estranho é que apesar de achar que não, continuo e vou seguir em frente. Realmente a preocupação com o futuro mata por completo o nosso presente.
É mesmo engraçado como no meu caso o ditado: “O peixe morre pela boca” assenta-me que nem uma luva. Sempre disse à boca cheia que não era pessoa de muitos sacrifícios, que seria incapaz de estudar e trabalhar e que nem sequer admirava as pessoas que o faziam (continuo a não admirar, acho uma vida triste demais para ser admirada). Nunca fui de estudar muito, nunca insisti no que dava muito trabalho, nunca dei o meu máximo em nada e agora que dei, que me esforcei e que pela primeira vez na vida tenho noção que dei o meu melhor também não me sinto feliz por isso. Passou, soube bem ter boas notas, mas o sacrifício foi muito maior que a recompensa…
Enfrentei este desafio como nenhum outro na minha vida, sinceramente não percebi o que se passou dentro de mim. Apesar de estar a odiar a minha vida naquele momento e a maior vontade ser de desistir, simplesmente não consegui desistir, não tive coragem para desistir… Não consegui fazer as coisas mais ou menos como em tudo até agora. Não consegui encarar as coisas com calma e com o deixa andar como de costume. Fiquei tão enervada que não conseguia pensar noutra coisa e trabalhei como uma maluca (a chorar em frente ao computador mas trabalhei). Até agora não percebi o que se passou. Eu não sou assim.
E agora vai voltar tudo outra vez até Janeiro. Estou com medo e não me sinto com força para passar por isto tudo de novo. Mas mais uma vez não tenho coragem para desistir. Espero não ficar insuportável, porque nem eu própria me aguento às vezes!

Este fim-de-semana ainda estamos na dúvida se vamos para a praia da Carrapateira ou não. Fazer campismo selvagem claro! Isto de acordar e estar pertinho da praia é do melhor que pode haver. Pelo que vi na Internet aquilo é um sítio maravilhoso, só não sei quais se as condições climatéricas serão as mais favoráveis. Outro dos meus medos é a GNR (sim porque isto de fazer campismo selvagem é fora da lei neste país!). Não sei se ali os senhores Guardas Republicanos são de chatear o pessoal. Deve depender de como bater o vinho nesse dia! Também não sei onde poderemos parar a carrinha e estar a chegar a um sítio de noite sem conhecer o território é complicado. Já pedi à Dal que passasse por lá antes para averiguar as condições (sim porque ainda há gente de férias e com tempo livre!). O esticão até à Carrapateira ainda é longo… Enfim, o único ponto a favor é mesmo a paisagem lindíssima.
Outro sítio que achei interessante é a Lagoa de Melides e que tem a vantagem de ser bastante mais perto de Lisboa. Mas também não conheço e não faço ideia se teremos condições para acampar.
Para algum sítio será….