Gostava de saber porque é que conforme vamos crescendo e nos tornando adultos, perdemos a capacidade de recriar e imaginar lugares e pessoas à nossa volta. Lembro-me que estávamos sempre em sítios imaginários e as brincadeiras sabiam tão bem. “Agora a fingir que estamos num castelo e vem lá uma bruxa mas depois eu mato-a e depois abrimos uma porta e depois encontramos o tesouro” era assim.
Lembro-me da satisfação que era imaginar um lugar e sentir mesmo que lá estava! Podia estar no quarto sozinha mas não era ali que estava, estava dentro de uma história inventada por mim, num lugar inventado onde tudo era como eu queria.
Parando um bocado para observar os miúdos de hoje as brincadeiras são exactamente assim… Estão sempre dentro de uma história e de um cenário imaginado por eles. Apesar das grandes diferenças geracionais há coisas que não mudam. E quando se vêem crianças a brincar longe de TVs e Playstations é isto que acontece.
Parando um bocado para observar os miúdos de hoje as brincadeiras são exactamente assim… Estão sempre dentro de uma história e de um cenário imaginado por eles. Apesar das grandes diferenças geracionais há coisas que não mudam. E quando se vêem crianças a brincar longe de TVs e Playstations é isto que acontece.
Hoje bem posso imaginar que estou numa praia paradisíaca com uma caipirinha ao lado a ter uma excelente conversa e em boa companhia que nada acontece… Nem um pingo de satisfação por segundos!
Não acho justo perder esta capacidade ao longo da vida. Ainda por cima na altura em que nos fazia mais falta, na idade adulta! Se conseguisse fazer isso ainda hoje imaginava por exemplo no trajecto de casa para o trabalho e do trabalho para casa (que é sempre uma seca!) que estava a passear à beira mar e que aquela gente toda com que me cruzo eram veraneantes como eu e que quando entrasse no metro estava a entrar num submarino e que pela janela do submarino (metro) se viam peixes de todas as cores e feitios… Claro que eu posso imaginar isto tudo! Mas, aquela sensação que tínhamos quando miúdos de que o que imaginamos era quase real essa já não dá (talvez com muita concentração!) e que quando saísse do submarino estava numa festa numa praia com um pôr-do-sol fantástico.
Na sala de espera para o médico, à espera de um amigo atrasado, no trabalho, à espera do autocarro, à seca em casa sem ninguém disponível para beber um café, numa aula chata e pimba ligava-se o imaginómetro e lá íamos nós viajar. Assim, os momentos mais chatos das nossas vidas eram todos passados nos lugares que bem entendíamos!
Lembro-me também da alegria de chegar à praia, entrar no mar e não sair mais de lá, porque a brincadeira que estávamos a imaginar se passava algures no fundo do mar e fora de água não era tão real, os dedos encarquilhados, os lábios roxos e que importa? O sítio imaginário onde estávamos era superior a tudo isso.
A capacidade de fazer amigos nessa altura também era uma coisa fantástica “Olá! Como te chamas? Vamos brincar?”. Agora somos todos muito sérios e desconfiados, sim porque isso de ser simpático e dar muita confiança é coisa de fracos.
Há coisas de criança que realmente não devíamos perder mas elas fogem sem sequer darmos por isso.
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