quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Odeceixe - Fds de 23 de Julho

Sexta-feira à tarde consegui sair uma hora mais cedo do trabalho (yupi!) e mandei logo uma mensagem ao D a dizer “vem a correr buscar-me!”. Por sorte ele já vinha a caminho e demorou só 20 minutos para vir ter comigo.
Lá fomos em direcção a Odeceixe seguindo todas as indicações direitinhas como tirámos da net. Pelo caminho parámos na estação de serviço de Grândola para beber um café, comprar água e cigarros, tudo muito rápido porque estávamos cheios de vontade de chegar! As estradas por onde fomos até Odeceixe eram muito bonitas, vale muito a pena fazer aquele caminho. Tentei tirar fotografias mas não ficaram muito boas, sempre que tentava apanhar as vacas que íamos encontrando não conseguia (já tinham passado!), o D ainda tentou abrandar umas quantas vezes mas mesmo assim não deu para apanhar o gado vacum. Para aqueles lados não se passa mesmo nada… poucos foram os carros que se cruzaram connosco, a paz realmente paira para aqueles lados. A viagem de ida para algum lado é sempre muito boa.
Assim que entramos em Odeceixe virámos para uma rua e vimos em letras garrafais: PENSÃO LUAR, era ali!
Fomos avisar que tínhamos chegado. A senhora que nos recebeu era muito simpática e pediu a um senhor que nos fosse levar ao nosso quarto. Era o quarto número dez. Depois de instaladas as coisas fomos ao único multibanco da terra levantar pilim. Aproveitámos logo para ver mais ou menos onde estavam os restaurantes para jantar no sábado. Só daquela ida ao multibanco deu para perceber que Odeceixe é uma terra muito gira, nada comparado com aqueles sítios pavorosos do Algarve que muita gente insiste em passar férias no Verão, onde só se vê bifas e bifes encarnados e bêbados e bimbos a tentar (o que não é difícil) engatar as bifas. No centro de Odeceixe vimos uma casa de sonho, era mesmo aquele tipo de casa que eu precisava para ser feliz! Era de uns alemães, e no pátio da casa viam-se umas crianças a correr de um lado para o outro felizes e contentes da vida (pudera!).
Voltámos para o quarto e entretanto já tinha passado muito da hora de jantar, como tínhamos levado num taparuer (não sei escrever esta palavra) uma salada fria para o jantar, comemos no quarto. Parecíamos uns autênticos campistas na varanda do quarto. Sacámos da geleira e pusemo-la a servir de mesa, pratinhos de plástico, copos de plástico e a bela da vinhaça a acompanhar. Se alguém nos viu deve ter ficado com pena de nós a pensar, “taditos não têm dinheiro para ir jantar fora”, ou então, “gandas bimbos aqueles!” Bebemos uma garrafa de vinho, começámos outra (aquele vinho estava a escorregar bem) e começámos a falar dos problemas do país e das perspectivas de futuro que a nossa geração tem, conclusão: estávamos bêbados. Quando demos conta que estávamos completamente gelados fomos para dentro, rimo-nos muito já não sei de quê e adormecemos.
De manhã fomos tomar o pequeno almoço a que tínhamos direito na pensão. Quando chegámos à sala a senhora diz-nos que não havia electricidade por isso não podia tirar café e não podia cortar queijo nem fiambre. Comemos pãozinho com manteiga e café da avó, o que valeu foi que aquele pão era maravilhoso e o café solúvel também não era mau. Destino a seguir: praia! Comprámos umas raquetes (sim, eu agora pertenço aquele grupo de pessoas irritantes que jogam raquetes na praia) e praia com eles. A praia é mesmo bonita, outra das tais que as pessoas não estão umas em cima das outras. Ali junta-se o rio ao mar. Numa zona mais atrás vimos muitas auto caravanas (muita inveja das pessoas que têm este tipo de veículos maravilhosos) e tendas, o que nos deu logo a ideia de ali voltar mas acampar na praia! A água quer do mar quer do rio estava simplesmente gelada, mas depois de meia-hora a habituarmo-nos e a molharmo-nos como os velhinhos o banho acontece!
Assim que comecei a jogar raquetes apercebi-me que era muito naba, foi do género, tok, tok e D apanha, tok, tok e D apanha. Já pensava que era das raquetes, da bola, mas não era mesmo da minha falta de jeito. Depois de algum tempo a jogar, lá entrei na coisa e até fizemos umas jogadas bonitas, eu sempre a torcer os rins ao D porque nunca mando a bola para o mesmo lado, ora para cima, ora para baixo, ora esquerda ora direita e assim sucessivamente. Depois de muito puxar pelo físico a água gelada parecia só fresquinha. A seguir à jogatana reparei que me doíam um bocado as pernas, mas não liguei muito.
Naquela praia acontece um fenómeno estranho, a maré sobe e desce a uma velocidade como eu nunca vi em lado nenhum! Quando lá chegámos e eu vi pela primeira vez a água a subir uns bons metros de repente, pensei logo num tsunami ou qualquer coisa do género! Mas pelos vistos ali é assim, talvez seja do rio. Na zona onde o rio se junta com o mar e conforme a maré está a encher ou a vazar a corrente nessa zona é muito forte ora para o lado do mar ora para o lado do rio. Basta pormo-nos dentro de água a boiar e aí vamos nós a toda a velocidade.
O dia passou-se entre raquetes, banhos e esticadelas ao sol.
Depois deste dia de praia tão puxado só sonhávamos com uma bela carne grelhada para o jantar, é que estava mesmo a apetecer! Depois do banho e de um momento para descansar o corpo um bocado fomos à procura de um sítio onde nos fornecessem um belo bife. Nessa altura as minhas pernas já me doíam um bocado mais. O restaurante mais conhecido de Odeceixe A Taberna do Gabão estava completamente cheio e tinha uma bicha (eu digo bicha porque não sou brasileira) enorme à porta, a nossa fome não nos permitia esperar. O D lembrou-se que no dia anterior tínhamos passado por um restaurante onde havia uma grelha enorme, o respectivo senhor a fazer grelhados e até tinha bom aspecto. Fomos lá ter. Sentámo-nos na esplanada e pedimos uma dose de picanha e uma de maminha. O D provou uma azeitona e fez cara de poucos amigos, elas por acaso estavam assim com um ar de velhas e secas estavam mais para passas do que para azeitonas. Não me atrevi a provar. O pão ali era igualmente maravilhoso, daquele mesmo difícil de parar de comer. Quando a carne veio-o para a mesa apanhámos uma desilusão, eram uns míseros bocados com um aspecto seco. Quando provámos apanhámos outra desilusão, é que a carne não tinha uma pitada de sal. As batatas fritas eram muito poucas para cada um, pedimos então uma dose extra de batatas fritas que ainda hoje está para chegar. O restaurante chamava-se O Chaparro, não nos apanham lá mais! Para compensar o nosso desconsolo comemos uma bela mousse de chocolate que conforta bastante a alma. Aí quando me levantei já parecia uma coxa ou que estava assada ou qualquer coisa assim. Os meus músculos doíam-me mesmo muito da raquetada na praia. Estou mesmo fraquinha.
Depois do jantar fomos ver como era a night. No largo principal estava muita gente à porta de uns bares barulhentos, parámos ali olhámos e não sabíamos bem onde entrar até que ouvimos ao longe algo que se parecia com Bob Marley. Seguimos a música e fomos dar a um bar um pouco mais afastado onde estava apenas uma mesa ocupada com nativos. As duas meninas que atendiam também eram nativas de certeza, até porque estavam mais preocupadas em dar cervejas e tremoços aos moços do que nos atenderem. Ali ficámos, eu a beber caipirinhas e o D o seu belo do Whisky. O bar acho que se chamava S.A e estava ao cimo de uma rua estreitinha que vai dar ao largo central. Conversámos, entristeci-me com a ideia de ter voltar para Lisboa no dia a seguir. Às vezes não consigo aproveitar ao máximo os momentos porque fico assim triste a pensar no que virá a seguir. Sofro muito por antecedência, tenho que tentar mudar isto para poder aproveitar da melhor maneira os fins-de-semana que são o que nos resta este Verão.
Domingo de manhã arrumar tudo, pagar a estadia e como já era mais hora de almoço do que de pequeno-almoço pensámos ir comer a qualquer lado antes de ir para a praia. Quando fomos pagar o senhor que estava ali insistiu para tomarmos o pequeno-almoço apesar das horas tardias e que não dava trabalho nenhum! Que simpático! Lá enfardámos aquele pão maravilhoso e desta vez tivemos direito a tudo porque já havia electricidade. Sumo de laranja, café, queijo e fiambre ou seja, barriga cheia para o resto da tarde.
O dia de praia foi bom, apesar de termos uma família um bocado irritante ao nosso lado, um dos pais era mais criança que os próprios filhos. Estiveram imenso tempo a abrir um buraco perto de nós (não sei para quê) e assim que a maré subiu lá foi a grande obra de engenharia num instante.
A nossa diversão nesse dia foi andar numa grande bisga embalados pela corrente na zona de junção do mar e do rio, apreciar a paisagem que ia passando por nós e rir da nossa figura. Quando chegávamos ao fim do percurso eu fazia como os putos e dizia “bora outravez?”. Pôs-se um fim de tarde espectacular, daqueles que dá mesmo vontade de ficar na praia até às nove da noite. Mas por volta das sete horas rendemo-nos às evidências e fomos embora.
Na volta passámos outra vez pelas estradas maravilhosas cheias de gado vacum. Com a luz de fim de dia aqueles campos pareciam autênticos quadros. O D estava cheio de vontade de c… e quando já não aguentou mais entrou com a carrinha para um terreno e foi mesmo ali, mesmo á homem do campo, só faltou limpar o rabo às folhas.
A entrada em Lisboa foi difícil e só chegámos a casa perto das onze da noite.
Mentalização para mais uma semana de trabalho.
Próximo destino… Porto-Côvo! Havia um pessegueiro na ilha e tal!

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