Como nos tinha ficado na ideia da última vez que tínhamos estado em Odeceixe irmos para a zona onde estavam auto caravanas perto da praia, fomos! Artilhamos a carrinha com colchões, mantas, almofadas, muita água, comida, cadeiras, mesa, geleira, fogareiro e tudo o mais para se poder ir acampar com o mínimo de condições. Depois do trabalho ainda fomos a casa buscar a Ary e seguimos para Odeceixe.
A viagem foi longa, a vontade de chegar era muita, a incerteza se arranjaríamos um bom lugar ou pior ainda se a GNR nos expulsasse dali aumentaram a vontade de chegar e aumentaram o caminho também. Estes fins-de-semana estão a ser uma maratona, mas quem corre por gosto não cansa. Dão para por momentos nos sentirmos de férias e desligar o cérebro da semana de trabalho. O dia anterior à viagem além de ter sido passado a trabalhar, foi também passado a fazer compras, arrumar coisas e andar de um lado para o outro a tratar de assuntos, ou seja, deitamo-nos tarde e estafados. Sexta-feira depois do trabalho estávamos muito cansados mas a paz esperava por nós e bem valeu todo o cansaço e trabalho que se teve. A única coisa mesmo chata foi eu estar com uma dor de dentes horrível mas graças a um remédio anti-inflamatório que a Dal me levou esse pormenor não me conseguiu estragar o fim-de-semana e a dor lá passou. Já me estava a imaginar a ganir de dores o tempo todo e a ficar com a cara feita num bolo.
Esperávamos conseguir lá chegar ainda com luz mas não deu. Assim que chegámos a Odeceixe seguimos pela estrada de terra batida que vai dar à zona de auto caravanas junto da praia.
A Dal e o J também estavam a caminho para ir ter connosco e traziam o Alex. Nós e os cães para nos guardarem!
Apesar da escuridão arranjámos o lugar perfeito para as duas carrinhas e para montarmos o nosso acampamento à vontade sem chatear ninguém e sem nos chatearem também. Estavam umas quantas auto caravanas estacionadas por ali mas tudo a uma boa distância higiénica uns dos outros.
O céu estava qualquer coisa de fantástico! Tantas estrelas! Como estava noite de lua Nova o céu estava lindo. Ainda vimos umas quantas estrelas cadentes. Começámos a montar o estaminé em frente à carrinha e mais um bocado eles chegaram. Estava-se ali tão bem! Os homens tomaram conta dos fogareiros e nós do resto. Assamos uma carne e ficamos ali a comer. Mas que bem que soube. Melhor que em muitos restaurantes. Comer debaixo daquele céu estrelado e com o barulho do mar ao fundo não é para todos. É só para quem sabe o que realmente é bom… Juro que se me saísse o euro milhões comprava uma autocaravana e fazia disto vida. Percorrer praias e ser feliz! Quando estávamos a jantar passou um carro da GNR. “Pronto” pensei “ Vão correr connosco daqui para fora!”, mas não, passaram devagar, não chatearam ninguém e foram embora. Se eles chateassem sempre podíamos dizer que estávamos a fazer um piquenique, um bocado fora de horas mas pronto.
A Ary estava muito atenta (ela não está habituada a estas andanças) parecia que não estava a perceber muito bem tudo o que estava a acontecer, mas estava contente. Cada vez que alguém se aproximava do nosso território punha-se a rosnar como uma verdadeira fera (tadinha é tão medricas)! O Alex rufia como tudo e habituado a andar nestas vidas só queria fugir e explorar a área de outros vizinhos.
A noite fez-se fria e quando o cansaço apertou fomos dormir para a carrinha. Pusemos a sacaria toda na parte da frente, estendemos os colchões sacos cama e almofadas na parte de trás e voilá, uma cama de casal mesmo boa. Quando fechámos tudo eu estava com um bocado de medo de morrermos ali sem ar mas o D lá me mostrou que entrava ar por todos os lados e eu descansei… Que sensação tão engraçada dormir ali, ainda por cima estávamos mesmo confortáveis, nem me apetecia adormecer só para desfrutar aquela sensação tão fixe mas o cansaço ganhou e passado pouco tempo estávamos a chonar. A Ary dormiu aos meus pés muito enrroladinha numa manta e nem dei por ela a noite toda.
Quando acordei e abri a porta da carrinha tinha uma vista melhor que muitos hotéis de luxo, que bom que é acordar assim…
Tomámos o pequeno-almoço na nossa esplanada e fomos para a praia. A Ary estava radiante! No caminho para a praia, do lado do rio há uma espécie de fonte onde fomos encher um garrafão para dar de beber aos cães durante o dia. Ainda estou para saber se aquela água era boa para beber ou não. Os cães passaram o fim-de-semana a fazer uns cocós um bocado estranhos. Não sei se foi da água. Eu e o D quando se acabaram as águas que levámos ainda demos uns goles na água da fonte mas felizmente não nos aconteceu nada à tripa. Entretanto a Dal e o J foram ao supermercado comprar algumas coisas que faltavam para o jantar e nós ficámos na praia à espera. Eu já estava morta para beber um café desde que tinha acordado, mas como nós estávamos do outro lado do rio não tínhamos acesso à civilização enquanto o rio não baixasse o suficiente para atravessar a pé. Também não convinha mexer na carrinha porque se não perdíamos o nosso maravilhoso lugar, enfim tive que me aguentar e tentar manter-me acordada. Quando eles voltaram, o rio já dava para atravessar a pé, fintámos a Ary para que ela não percebesse que nos íamos embora. Atravessámos a praia e lá fomos ao abençoado café (mas esquecemo-nos do tabaco do outro lado do rio, já é a segunda vez que isto acontece quando vamos aquele café!). Na praia estavam muitos festivaleiros do sudoeste, via-se pelas pulseiras e porque muitos estavam a dormir na praia (o sudoeste é uma autêntica prova de resistência). Quando voltámos do café a Dal disse-nos que a Ary tinha ficado muito aflita e que se punha a cheirar toda a gente que saia da água para ver se éramos nós, tadinha da minha bicha.
Cada vez que íamos tomar banho a Ary ficava atarantada à beira de água mas não se atrevia entrar. Tive pena que ela não quisesse tomar banho de mar, ainda a puxei uma vez devagarinho e molhei-a mas o ar de aflição dela deu-me pena e não insisti. A diversão dela era mesmo andar a correr, fazer buracos na areia e roer pedras (meus ricos dentes!). O Alex tinha o hábito bastante irritante-ó-cómico de que assim que alguém sacudia uma toalha e a estendia ele passava-lhe imediatamente por cima. Não é que se quisesse deitar tinha mesmo é que sujá-la. Este cão parece que goza connosco.
Estávamos um bocado preocupados sem saber como íamos fazer para tomar um banho depois da praia. A Dal levou um saco próprio para tomar banho nestas condições selváticas que leva 20 l de água, mas estar a encher aquilo quatro vezes à dita fonte ia demorar muito, até porque a água da fonte não corre como uma torneira, era bastante mais lenta e um saco com 20 l de água é um bocado pesadote. O J também não estava a achar muita piada tomar banho com aquele saco de soro gigante e disse também que tinha muita área para lavar e que 20 l não lhe chegavam! Eu até pus a hipótese de não tomar banho porque suja não estava, mas é que tinha tanta areia no rabo por causa da brincadeira do atravessa o rio com a corrente! A nossa ideia inicial era mesmo recorrer a garrafões de água e fazer furinhos no fundo para imitar um chuveiro, mas ainda tínhamos que encher uns quantos! Conclusão: o J e a Dal pegaram no carro e foram tomar banho aos chuveiros (quer dizer à mangueira) da praia. Tínhamos visto durante a tarde que a fila para essa tal mangueira era interminável e parecia não diminuir (rais parta os festivaleiros!) mas quando já estava quase de noite a afluência à mangueira diminuiu e lá foram eles. Nós ficamos com o saco de soro gigante e fomos enche-lho à fonte. Os 20 l deram para nós os dois tirarmos a areia dos sítios impróprios e ainda deu para usar shampoo (que luxo!).
Nesse fim de tarde pôs-se um pôr-do-sol fantástico. Realmente o nosso “quarto” tinha uma vista do caraças!
Enquanto eles não chegavam fomos preparando as brasas para mais um petisco dos deuses. Jantámos, bebemos vinho, umas caipirinhas, jogámos ao merdas à luz dos nossos maravilhosos candeeiros a pilhas e quando o cansaço, umas gotas de chuva e uma rabanada de vento repentina nos mandaram mas é ir dormir, fomos. Quando estávamos quase todos prontos para ir dormir, cada casal na sua respectiva carrinha e com o seu respectivo cão só oiço a Dal dizer aos gritos: “J! O teu cão tem a cara cheia de merda!”. Conclusão: o Alex tinha estado a comer merda, que pelo que eles disseram é um hábito comum dele. O pior é que como estávamos numa zona de campismo selvagem a probabilidade de ser merda de gente aumentava bastante (epá... só neste bocadinho já disse tantas vezes merda!). Visto que ele ia dormir com eles dentro do carro não era muito agradável aquele cheirinho ao deitar. Eu tive muita vontade de rir, mas só o ar de nojo da Dal a limpar-lhe o focinho dava pena. Lá se tentou remediar o estado do focinho do animal com as minhas toalhitas desmaquilhantes e com um resto de água que tinha sobrado do nosso banho no saco de soro gigante. Ele ainda lutava contra a limpeza e foi para a cama amuado (tem cá um mau feitio!).
Essa noite fez-se muito quente e dormir na carrinha já não foi tão agradável com na noite anterior. O D acordou umas quantas vezes com sensação de falta de ar e teve que abrir a porta da carrinha para entrar ar. Eu nem sequer me enfiei no saco cama tal era a brasa!
O dia amanheceu muito quente, enublado e peganhento. Ao pequeno-almoço tivemos a companhia de muitas moscas o que foi bastante irritante (será que estávamos assim tão mal cheirosos?). Arrumámos tudo e fomos beber café ao sítio mais próximo dali. Foi num daqueles cafés que parece que pararam no tempo. Ficámos lá um bom tempo primeiro que conseguíssemos pedir os cafés. As duas senhoras estavam a fazer tostas mistas (aliás, uma fazia e a outra olhava para o fiambre) para mais três clientes além de nós o que deve ser uma grande afluência de trabalho para um café que deve estar habituado a servir três bicas e duas mines por dia no resto do ano. Depois de bebidos os cafés voltámos para a praia e por sorte ainda tínhamos os lugares para as carrinhas. Acho que as pessoas tiveram medo de ir para a praia porque o tempo estava muito cinzento, mas mesmo assim estava um calor que não se podia!
Não havia quase praia do lado do rio, a maré estava a subir bastante mais que no dia anterior. Encostámo-nos às rochas e construímos um mega muro (daqueles que se a maré tiver mesmo que subir destrói na mesma). Eu estava com algum medo que houvesse uma derrocada mas o melhor é não pensar muito nisso… Nessa tarde com a brincadeira de fazer o percurso do rio ao sabor da corrente pensei que ia morr er! O rio ainda estava muito cheio e não dava para travar com os pés na areia, ou seja, no fim do percurso pensei que ia ficar estatelada contra as rochas que estão à “entrada” do mar. O D lá me deu o braço e puxou-me porque percebeu que eu já estava a panicar. O raio da corrente é mesmo forte em direcção ao mar!
Por volta das 6h decidimos ir embora porque ainda eram um esticão até casa… Fomos ainda ao centro de Odeceixe tentar comprar tabaco mas não havia em lado nenhum!
O D pelo caminho parou outravez para ir ao campo fazer pupu (já se está a tornar um hábito!). Durante o fim-de-semana inteiro nenhum de nós teve condições para tal, se ficasse ali uma semana lá teria que ser no campo, mas ia ser complicado!
Próximo fim-de-semana vamos cometer a loucura de ir para Tavira (grande, grande esticão!). Vamos com o D e a G para casa dele. Até me vai dar uma coisa se for à ilha!
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Odeceixe II - Fds de 6 de Agosto
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